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Reflexão individual de Manuela Gonçalves

 

 

            Em primeiro lugar, gostaria de mencionar a enorme importância que a experiência prática adquirida ao longo das seis unidades curriculares de Iniciação à Prática Profissional (IPP) faz numa licenciatura em educação básica. A existência das IPP’s permite aliar a teoria aprendida em outras unidades curriculares da licenciatura com a experiência prática adquirida através da observação e, também, da intervenção, num contexto educativo real. Assim, quando se chega ao terceiro ano da licenciatura e temos unidades curriculares de Didática já possuímos alguns conhecimentos teóricos mas também práticos para aplicar, que nos permitem planificar aulas e intervenções pedagógicas.

            A unidade curricular de IPP VI, ao permitir que as discentes escolham a valência onde querem intervir, permite que as mesmas escolham a que sentem que têm menos experiência ou selecionem a que mais gostam e pretendem seguir no futuro profissional. No meu caso específico, a valência de jardim de infânca era, dentro da educação de infância, a que eu sentia que tinha menos experiência, uma vez que a única experiência ao longo desta licenciatura, com crianças mais pequenas, tinha sido na IPP I, na valência de creche.

            Quanto ao estabelecimento de ensino onde estagiei na IPP VI, gostaria de mencionar o óptimo ambiente da escola. Na EB1/ PE do Boliqueime existe trabalho de equipa entre os profissionais educativos; existe abertura para receber alunas estagiárias, e os docentes com quem pude contactar possuem uma atitude de mentores para com as alunas estagiárias. Assim, posso afirmar que me senti bem recebida nesta escola, enquanto aluna estagiária. Como tal gostaria, de realçar a atitude acolhedora do director pedagógico da escola, da educadora da sala, das auxiliares de ação educativa da sala, das funcionárias da escola e, ainda, das professoras responsáveis pelas atividades de enriquecimento curricular de inglês e de expressão físico-motora. As crianças da sala e as crianças da escola, com que contactamos nos momentos de recreio, também se mostraram muito recetivas perante nós, alunas estagiárias (eu e a minha colega Ana Nina Andrade). Logo, posso afirmar que esta instituição de educação é um óptimo local para se poder estagiar.

            A minha presença e a da minha colega de estágio na “Sala dos Pequenos Pintores” foram bem aceites pelas crianças. Essa aceitação deu-se também devido à atitude da educadora da sala, a Educadora Lúcia, que procurou que estabelecêssemos desde o primeiro dia uma relação de proximidade com as crianças. Nas experiências práticas das IPP’s anteriores, sobretudo as que aconteceram no primeiro ciclo, a presença de duas ou de mais alunas estagiárias numa sala era uma fator de distração para os alunos, o que por vezes dificultava o trabalho do professor titular da turma. Contudo, a minha presença e a da minha colega na “Sala dos Pequenos Pintores” não atrapalhou, digamos assim, o trabalho da educadora, nem das auxiliares, também devido à atitude recetiva ao nosso estágio, já acima mencionada. Senti que nós fomos mais-valias, que apoiaram o trabalho da equipa da sala. Contrariando a ideia presente na atual legislação, eu penso que não é certo um educador, mesmo apoiado por um auxiliar de educação, ter à sua responsabilidade mais de 20 crianças, na medida em que se torna muito complicado fazer uma diferenciação pedagógica e dar a mesma quantidade de atenção a cada criança. Logo, eu penso que foi também por esse fato que eu e a minha colega de estágio fomos uma mais valia, no sentido de termos apoiado o trabalho da equipa da “Sala dos Pequenos Pintores”, da qual fazem parte 25 crianças. Essa ideia é apoiada por uma pequena operação matemática, em que dividindo o número de crianças pelo número de adultos, concluímos que com 25 crianças e quatro adultos, cada adulto fica com a responsabilidade de olhar por cerca de seis crianças. Assim, com a intervenção de mais duas alunas estagiárias nesta sala, o número de adultos em relação ao de crianças não era desproporcional.

            Criar um ambiente favorável à aprendizagem é essencial em qualquer espaço de ensino. Essa tarefa é um dever de qualquer educador ou professor. Na sala onde estagiei, a Educadora Lúcia criava esse ambiente através de uma atitude positiva, alegre, bem-disposta e muito risonha. Essa atitude contagiava as crianças, bem como os outros adultos. Assim, uma das aprendizagens que fiz com este estágio foi que criar um ambiente agradável passa por ter uma atitude positiva e bem-disposta. Este tipo de atitude torna o ambiente mais tolerante e propício a aprendizagens, melhora a relação educador-crianças e a relação entre a equipa pedagógica da sala. Gostaria também de dizer que para esta atitude positiva no espaço de uma sala existir, o educador ou o professor deve sempre lembrar-se que os problemas pessoais não devem interferir no espaço profissional, mesmo que muitas vezes seja difícil fazer essa separação.

            Relativamente ao espaço da “Sala dos Pequenos Pintores”, que se encontra organizado pelo Movimento da Escola Moderna (MEM), penso que este deveria ter menos materiais e mais espaço livre, nomeadamente para que as crianças mais pequenas pudessem dormir. Durante as aulas práticas, eu e a minha colega constatamos que sobretudo para duas crianças mais novinhas, cumprir um horário na escola, desde muito cedo até à tarde, era muito cansativo, pelo que algumas vezes estas estavam cheias de sono. O sono é muito importante no crescimento de uma criança. Descansar e dormir é o que permite a qualquer ser humano armazenar no seu cérebro as novas aprendizagens feitas. Portanto, numa fase de pré-escolar em que as crianças assimilam grandes quantidades de informação sobre o mundo que as rodeia, uma vez que estão a apropriar-se do meio que as envolve, é muito importante dormir.

            Ainda em relação ao espaço da sala gostaria de mencionar que, na minha opinião, existe muita informação disposta nas paredes, em placares e em folhas de papel. Este excesso de informação faz com que alguma da informação disposta seja ignorada. Esta opinião deve-se ao facto de só ter reparado no último dia de intervenção prática que existia um aviso colocado nas diferentes áreas, que limitava o número de crianças que lá podiam brincar ou trabalhar, como, por exemplo, na “Área da Casa das Bonecas”. Uma das autoras que fez acreditar que as salas não poderiam ter muita informação nas paredes foi Gabriela Portugal, aquando de um colóquio da APEI, realizado na Universidade da Madeira, no ano de 2013.  

         Segundo as Orientações Curriculares para o Pré-Escolar (1997), o espaço exterior é um espaço educativo, que merece a mesma atenção por parte do educador que o espaço interior. No espaço exterior é possível explorar caraterísticas, potencialidades e materiais que não existem no interior e realizar aprendizagens. No exterior, o educador pode observar ou interagir com as crianças, apoiando e enriquecendo as suas iniciativas e lembrando-lhes as regras de segurança. No espaço exterior, a criança também interage com outras crianças e adultos, ou seja, socializa no seu ambiente escolar. Tendo em conta estas ideias do Ministério da Educação, quero referir que eu e a minha colega de estágio, nos momentos de recreio, observamos mas também interagimos com as crianças. Deixamo-las brincar livremente mas também planeamos algumas atividades, de forma a fortalecer a nossa relação com as mesmas e ainda a dinamizar o momento de recreio, envolvendo crianças da “Sala dos Pequenos Pintores” e crianças da outra sala de pré e do 1.º e do 2.º anos do 1.º Ciclo do Ensino Básico. Realizámos jogos como “O Jogo do lencinho”, “O Jogo do Telefone” e o “Jogo do Rei Manda”. O jogo que as crianças mais apreciaram foi o “Jogo do lencinho”, sobretudo a parte de correr e apanhar o colega que deitou o lencinho.

         Em relação aos “Pequenos Pintores” gostaria de realçar a heterogeneidade deste grupo de crianças, particularmente a nível de idades. Este fator é nesta sala criador de um ambiente de aprendizagem estimulante, onde as crianças mais pequenas realizavam aprendizagens por imitação, observando o comportamento das mais velhas. Deste modo, concluí que é benéfico que existiam crianças de diferentes faixas etárias numa sala de pré-escolar.

            Quanto à presença do MEM nesta sala, pude constatar que as crianças gostam muito de preencher o “Quadro das Presenças” autonomamente e que também tendem a verificar o “Quadro dos Aniversários” e o “Quadro das Idades” sozinhas para esclarecerem ou confirmarem a própria idade ou a idade de um colega. Outro aspeto positivo proporcionado pelo MEM, que defende que devem existir instrumentos para documentar a vida do grupo (como os acima mencionados), é que as crianças podem compreender a funcionalidade da escrita – permite registar ideias, para quando já não nos lembrarmos delas de memória. É muito importante que as crianças percebem as funcionalidades da escrita, uma vez que está provado que se as perceberem têm mais motivação para aprenderem a ler e a escrever. A metodologia de trabalho por projetos e o “Projeto da lagarta” permitem envolver as crianças e conduzir a novas aprendizagens. Assim, percebi que esta metodologia é muito útil para trabalhar projetos na “Área do Conhecimento do Mundo”, nomeadamente acerca do ambiente natural.

            O MEM apresenta o educador como um orientador ou como um mediador das aprendizagens das crianças. Então, o educador não tem o papel de impor atividades mas sim de propor tarefas e opções e de tomar decisões conjuntamente com as crianças. Como tal, deve participar nas brincadeiras das crianças, também para perceber o seu raciocínio e as suas ideias, mas sem fazer imposições. As brincadeiras que as crianças mais pareceram apreciar quando brinquei com elas foram as construções com blocos e a plasticina, pelo facto delas próprias puderem dar aso à própria imaginação livremente. Também manifestaram gostar muito de cantar canções, quer em inglês, quer em português, e de mimar e de se movimentar ouvido uma canção. Penso que o educador deve valorizar este gosto que as crianças têm nesta faixa etária pelas canções, para incentivá-las a pronunciarem as palavras corretamente, a saberem o significado das palavras que dizem e a interpretarem a “história” da canção. Trabalhar a canção também pode permitir fazer jogos de movimento, que são uma excelente forma de incentivar a aceitação de regras em grupo.

            Ainda relativamente as atividades que as crianças gostam, queria dizer que constatei as crianças gostam muito de desenhar e de pintar. Na “Sala dos Pequenos Pintores” existe muito material de desenho e de pintura, que se encontra organizado de forma a dar autonomia às crianças. Posso concluir que um educador deve então aproveitar o gosto das crianças pelo domínio das expressões, promovendo diferentes e diversas atividades, em que se cantem canções, em que se dramatizem histórias, em que se desenhe e pinte, de entre outras, nunca tornando qualquer uma destas atividades banais e rotineiras e nunca as impondo às crianças que nelas não querem participar. Além disso, também é importante que o educador respeite o que a criança faz: se a criança fizer um desenho desta forma ou daquela, o educador pode orientá-la mas não deve alterar o seu trabalho, sob o argumento de que está a melhorá-lo, porque o que na realidade o educador está a fazer é a alterar o trabalho e a visão da criança.

            Pude constar ainda que pequenos momentos constituem-se como oportunidades para ensinar à criança regras de cortesia. Como exemplo para fundamentar este argumento, posso dizer que vivenciei uma situação em que uma criança dá um objeto à outra é um excelente oportunidade para relembrar a criança que recebeu o objeto que esta deve dizer “Obrigada!”. Quanto a regras da sala, penso que em qualquer nível de ensino, o professor deve ter regras, que são do conhecimento do aluno. Essas regras devem ser mantidas e os alunos devem conhecer os resultados de as desrespeitarem. Todavia, penso que para um profissional educativo sem muita experiência prática se torna difícil, por vezes, manter uma postura firme para que as regras não sejam ultrapassadas e, também, em fazer valer as consequências do não cumprimento das mesmas. Isto porque muitas vezes os alunos e também as crianças testam os limites dos adultos, sobretudo os das pessoas que elas não conhecem bem.

            Por último, gostaria de mencionar o meu ponto de vista sobre a elaboração de um relatório de estágio em formato digital, ou seja, as suas desvantagens e vantagens. Quanto a desvantagens posso referir que pelo fato dos textos apresentados em sites deverem ser de reduzida extensão, para elaborar um relatório de estágio é necessário resumir a informação ao máximo para que o leitor tenha vontade de ler o que escrevemos. E sintetizar essa informação ao máximo acarreta alguma dificuldade, pelo facto  de nos termos habituado a fazer os relatórios das IPP’s em papel e pelo facto de não sabermos se a informação que estamos a colocar no site é a suficiente para relatar o que queremos dizer, sobre o que vimos, aprendemos e concluímos. Quanto a vantagens, torna-se mais fácil divulgar o nosso trabalho para as pessoas que o queiram ver, que podem vê-lo quando e onde quiserem. Por outro lado, compilar informação num site permite que se coloquem hiperligações e outros recursos multimédia, que tornam o conteúdo do próprio site muito mais apelativo e completo.

           

           

 

Referência:

Ministério da Educação (1997). Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar. Coleção Educação Pré-Escolar.

        Lisboa: Editorial do Ministério da Educação.

            

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