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A Sala

               O tipo de equipamento e os materiais existentes numa sala de pré-escolar condicionam o processo de ensino-aprendizagem (Ministério da Educação, 1997). A Sala de Jardim de Infância onde estagiámos, denomina-se “Sala dos Pequenos Pintores” e está organizada pelo “Movimento da Escola Moderna” (MEM). Esta conceção defende que a sala de pré-escolar deve organizar os seus recursos por áreas. Assim, a “Sala dos Pequenos Pintores” está organizada em seis áreas: “Biblioteca”, “Casinha das Bonecas”, “Escritório”, “Jogos”, “Construções” e “Expressão Plástica”. Existe mais uma área  onde predomina o trabalho coletivo, nomeadamente os trabalhos na “Área de Expressão/ Comunicação” (domínios: "expressões", "linguagem e abordagem à escrita" e "matemática").

         A observação e a análise da forma como o educador organiza e utiliza o espaço de sala de aula permitem determinar os seus objetivos pedagógicos. Contudo é necessário existir uma reflexão permanente sobre a funcionalidade, a adequação e as potencialidades da organização do espaço, para que esta acompanhe as necessidades e a evolução do grupo de crianças (Ministério da Educação, 1997). Na “Sala dos Pequenos Pintores”, existe uma vasta quantidade de recursos materiais, distribuídos de forma muito organizada pelo espaço, que apresenta dimensões reduzidas para a quantidade de material existente.

              As crianças devem compreender a organização do espaço da sala e dos seus materiais, bem como das atividades que são possíveis realizar, de forma a terem alguma autonomia (Ministério da Educação, 1997). Na referida sala, o facto dos materiais estarem todos devidamente identificados e serem de fácil acesso às crianças, confere-lhes autonomia, nomeadamente na mobilidades pelas diferentes áreas. As áreas também possuem placares, que permitem às crianças identificarem quantos elementos podem lá brincar/ trabalhar.

 

             Segundo o site do Ministério da Educação e Ciência (consultado a 19 de junho de 2015), um grupo de crianças de pré-escolar é constituído por no mínimo 20 crianças e por no máximo 25 crianças (este número mínimo de crianças não se aplica em zonas de fraca densidade populacional). Quando se trate de um grupo homogéneo de 3 anos de idade, o número de crianças à responsabilidade de um educador não pode ser superior a 15. Caso existam crianças com necessidades educativas especiais (NEE) de caráter permanente, o grupo de crianças deve ter no máximo 20 elementos, não podendo existir mais do que duas crianças com NEE. 

              Os adultos que participam na educação das crianças, numa instituição de educação, devem trabalhar em equipa. Desta forma o objetivo do trabalho em equipa é elaborar uma ação cooperada, coordenada e adequada. A página eletrónica acima referida também refere que os jardins de infância caraterizam-se por terem um horário flexível, onde o educador tem a responsabilidade de assegurar cinco horas de componente educativa. Na “Sala dos Pequenos Pintores” existem duas educadoras (educadora cooperante Lúcia Pereira e  educadora Carmo Lopes) e duas auxiliares de ação educativa (D.ª Manuela e D.ª Fátima). As educadoras trabalham um meio-dia, que se altera de semana para semana, ou seja, se a Educadora Lúcia trabalhar de manhã esta semana, trabalhará de tarde para a semana.

 

Para mais informações sobre o Movimento da Escola Moderna, consultar:

http://issuu.com/centroderecursosmem/docs/2014_modelopedagogicomempreescolarm/1?e=4548440/8027401

 

 

 

 

“O conhecimento não provem, nem dos objetos, nem da criança, mas sim das interações entre criança e os objetos.”    Jean Piaget

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Tapete

 

"Este espaço deve incorporar locais para diversas atividades, (…) o espaço central fica destinado às atividades colectivas como a saudação da manhã, as histórias e atividades de movimento, para além de dar acesso às áreas de interesse."      Zabalza

 

    O tapete é constituído por desenhos de pincéis e de manchas de tinta, construídas com papel autocolante de diferentes cores. Estes desenhos constituem um lugar onde cada criança se senta.  Além disso, o facto deste tapete não ser mesmo um tapete no verdadeiro sentido da palavra e ser formado por estes desenhos, facilita que cada criança decore o seu lugar.

      Este tapete é utilizado para o trabalho em grande grupo, constituindo-se assim como um espaço privilegiado para captar a atenção das crianças e realizar atividades coletivas: contar histórias, realizar jogos cooperativos e atividades de expressão físico-motora e discutir temas.

    A “Área das construções” tem como espaço próprio o tapete, devido à sala apresentar pouco espaço.

Plano do Dia

 

 "Os instrumentos de gestão do quotidiano, tais como o quadro de presenças, quadro do tempo, quadro dos aniversários, o diário, são, antes de mais, uma manifestação de uma imagem da criança ativa, competente, com direitos, que pode participar na construção, utilização e análise dos meios de regulação social, interpessoal e intrapessoal no âmbito do grupo."       Júlia Oliveira-Formosinho 

 

       O Plano do Dia é, na teoria MEM, um instrumento regulador que permite documentar a vida do grupo e que ajuda o educador e as crianças a planear e a avaliar as suas aprendizagens. Este tipo de estratégias de registo permitem que a criança desenvolva noções de temporalidade (hoje, ontem, amanhã; de manhã, de tarde).

         Na “Sala dos Pequenos Pintores” o Plano do Dia intitula-se por Diário. Este é preenchido depois do almoço e nele registam-se informações por quatro parâmetros: “Gostamos”, “Não gostamos”, “Fizemos” e “Queremos fazer”. Os três primeiros parâmetros são relativas à parte da manhã, enquanto o último parâmetro diz respeito à parte da tarde. Existem também três campos preenchidos pela educadora, que dizem respeito ao mês, ano e semana. Além disso, no cabeçalho deste placar ainda existe um espaço que permite que uma das crianças faça um desenho.

 

 

Organização dos materiais

 

“Um espaço educativo (…) é um lugar geralmente retangular, planejado, medido, ordenado, estabelecendo de maneira disciplinada os móveis e objetos; cada objeto em seu lugar determinado.”      Elisabeth Oliveira

  

      Nesta sala, a maioria dos recursos materiais encontram-se ao alcance das crianças. Estes estão todos identificados e organizados por "grupos", nomeadamente, cores de pau; cores de filtro; cores de cera; lápis; borrachas; tintas; tesouras; colas; plasticinas; estojos; folhas brancas; cadernos; etc.. Esta disposição dos materiais possibilita às crianças uma maior autonomia, uma vez que são as próprias que vão buscar e arrumar os materiais.

Registo do Tempo e Calendário

 

"As crianças em idade pré-escolar não têm ainda a noção do tempo, da cronologia, ou seja, não têm uma visão «objetiva» do tempo.”      Hohmann

 

 

       O facto das crianças poderem analisar o tempo e fazer o respetivo desenho no quadro do tempo pode parecer uma tarefa mecânica, porém desencadeia diversas potencialidades. Esta tarefa possiblita que as crianças: desenvolvam a perceção das variações meteorológicas, tomem consciência da sequência dos dias da semana e dos dias do mês, consigam fazer contagens num contexto significativo, tornem-se mais conscientes e autónomas na escolha do vestuário e, ainda, lhes permite compreender  que as atividades no exterior são condicionadas pelo tempo.

Regras da sala

 

"Fazer as regras com as crianças e não para as crianças é um processo mais demorado mas, porque a epistemologia participativa garante aprendizagens participativas, a sua permanência e transferibilidade são maiores."     Júlia Oliveira-Formosinho

 

      No quotidiano pedagógico da sala encontramos situações de desorganização e de conflitos. A construção de regras é uma estratégia preventiva de alguns desses conflitos. A forma de como se criam as regras, a metodologia utilizada para as fixar e a qualidade da relação da sua utilização representam para as crianças a construção do conhecimento social.

           A interiorização das regras não é uma tarefa fácil para as crianças, é um processo lento que deve ser trabalhado até estar bem consolidado. 

 

Rotina

 

 "Rotina é a “repetição de atividades e ritmos na organização espácio-temporal da sala. (...) as rotinas desempenham, de uma maneira bastante similar aos espaços, um papel importante no momento de definir o contexto no qual as crianças se movimentam e agem. As rotinas atuam como organizadores estruturais das experiências quotidianas, pois esclarecem a estrutura e possibilitam o domínio do processo a ser seguido e, ainda, substituem a incerteza do futuro (principalmente às crianças com dificuldade para construir um esquema temporal de médio prazo) por um esquema fácil de assumir. O quotidiano passa, então, a ser algo previsível, o que tem importantes efeitos sobre a segurança e a autonomia.”      Zabalza

 

Rotina da sala dos "Pequenos Pintores":

 

8:30 – 9:00h:Acolhimento das crianças;

9:00 – 9:30h: Atividades livres nas áreas;

9:30 – 10:00h: Atividades orientadas;

10:00 – 10:30h: Lanche;

10:30 – 11:00h: Intervalo;

11:00 – 12:00h: Atividades Orientadas;

12:00 – 12:30h: Almoço;

12:30 – 13:30h: Intervalo;

13:30 – 14:30h: Atividades de Enriquecimento Curricular;

14:30 – 15:00h: Atividades Orientadas;

15:00 – 15:30h: Lanche;

15:30 – 16:00h: Intervalo;

16:00 – 18:30h: Atividades Orientadas/ Finalização de Trabalhos/ Atividades livres nas áreas.

 

Planta

 

"O que cada educador(a) faz com um dado espaço tem muito a ver com a sua história de vida pessoal e profissional, com as suas redes de pertença, com a sustentação do seu dinamismo inovador.

 

Júlia Oliveira-Formosinho

 

 

Legenda:

 

1- Porta;

2- Bengaleiro;

3- Caixa dos Brinquedos (trazidos de casa pelas crianças);

4- Placar de registo do Diário;

5- Parteleiras com as fichas de trabalhos das crianças;

6- Área da Biblioteca;

7- Área do Escritório;

8- Quadro preto de giz;

9- Área da Casinha;

10- Local de arrumação da Área das Construções;

11- Tapete;

12- Área dos Jogos;

13- Cavalinho;

14- Área da Expressão Plástica;

15- Estante com material e cadernos das crianças;

16- Mesa de trabalho em pequenos grupos ou individualmente;

17- Caixas com diversos recursos materiais;

18- Armários de arrumação.

 

 

Referências:

Hohmann, M., Banet, B. & Weikart, D. P. (1979). A Criança em Acção (2.ª Ed.). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

Ministério da Educação (1997). Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar. Lisboa: Editorial do Ministério da

          Educação.

Ministério da Educação e Ciência (s.d.).Currículo e Programas Educação de Infância - Organização. Retrieved on June

         19, 2015, from http://old.dge.mec.pt/educacaoinfancia/index.php?s=directorio&pid=39

Movimento da Escola Moderna (2015). Movimento da Escola Moderna: Documentos Ilustrativos do MEM. Retrieved on

         June 13, 2015, from http://www.movimentoescolamoderna.pt/documentos-ilustrativos-do-mem/

Oliveira, E. (2012). Educação Infantil: Espaço e Tempo Destinado à Infância Contemporânea e o Disciplinamento da    

         Criança. Retrieved on June 19, 2015, from http://elisabethbauerinfancia.blogspot.pt/2012_06_01_archive.html  

Oliveira-Formosinho, J. & Andrade, F. (2011). O espaço na pedagogia-e-participação. In Oliveira-Formosinho (Org), O

          Espaço e o Tempo na Pedagogia-em-Participação (pp. 9-69). Porto: Porto Editora. 

Zabalza, M. A. (1998). Didáctica da Educação Infantil (2.ª Ed.). Rio Tinto: Edições Asa.

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