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"Os Pequenos Pintores"

 

 

 

 

 

 

 

            O grupo de crianças da “Sala dos Pequenos Pintores” é constituído por 25 crianças, sendo 11 do sexo feminino e 14 do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 3 e os 6 anos de idade. É um grupo bastante heterogéneo quer a nível etário, quer a nível social e de desenvolvimento. São evidentes as caraterísticas individuais de cada criança e isso é facilmente percetível nos seus comportamentos e interesses.

            A heterogeneidade visível neste grupo vai ao encontro das Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar, que considera “a interação entre crianças em momentos diferentes de desenvolvimento e com saberes diversos, é facilitadora do desenvolvimento e da aprendizagem.” (M.E., 1997, pp. 35). Podemos ainda compreender a heterogeneidade do grupo através dos pressupostos do Movimento da Escola Moderna onde “a criança não é vista isoladamente, mas como parte integrante de um grupo, que inclui outras crianças muito diferentes que é necessário aprender a respeitar” (Barros, 2003, pp.73). 

             Para nos ajudar a compreender um pouco melhor o grupo, procuramos defini-lo e caraterizá-lo recorrendo a autores de referência na área de Educação, nomeadamente, Jean Piaget. De acordo com Piaget, as experiências de uma criança são organizadas em estruturas mentais denominadas esquemas, é através destes que a criança percebe o mundo exterior (Feldman, Olds e Papalia 2001). O desenvolvimento cognitivo, apesar de ser contínuo, ocorre progressivamente ao longo do tempo em quatro estádios ou etapas: 1.º - Estádio Sensório-Motor (0 aos 2 anos); 2.º - Estádio Pré-Operatório (2 aos 7 anos); 3-º - Estádio Operações Concretas; 4.º - Estádio Operações Formais. Cada estádio define um momento do desenvolvimento, onde a criança constrói um modo próprio de interagir com a realidade, organizando os seus conhecimentos. 

               Segundo os estádios de desenvolvimento cognitivo de Piaget, os “Pequenos Pintores” encontram-se no Estádio Pré-Operatório, também denominado por Estádio da Inteligência Simbólica. Este estádio é marcado pela crescente utilização do pensamento simbólico e da linguagem.  Esta nova capacidade permite à criança utilizar palavras para referir-se a pessoas, objetos, ações e situações, logo o seu pensamento passa a ser sustentado por conceitos. Apesar da forma de pensar ter evoluído, a criança centra o pensamento em si própria (egocentrismo), não conseguindo ainda colocar-se no ponto de vista do outro. Nesta fase, o pensamento depende da perceção imediata, pelo que a criança ainda não tem noção de conservação da massa, de número, de volume ou de peso.

            Podemos ainda referir que este grupo de crianças demonstra bastante interesse por histórias e canções, atividades em que participam sempre com grande entusiasmo. Em conversa com a educadora, descobrimos também que estas crianças gostam muito de atividades de expressão plástica, com um interesse  muito acentuado no que se refere a trabalhos com aguarela.

            Em relação à linguagem, constroem frases coerentes, utilizando um discurso diversificado. Falam sozinhas e com os brinquedos, repetem canções e recontam histórias. Respeitam as decisões dos adultos e cumprem as ordens dadas embora ainda façam algumas “birras”. As crianças mais velhas comem bem e sem ajuda, no entanto as mais pequenas são auxiliadas pela educadora e pelas auxiliares nas horas das refeições. Também já controlam os esfíncteres e já pedem autonomamente para ir à casa de banho. Na casa de banho, são, na sua grande maioria, bastante autónomas e já sabem lavar e secar as mãos sem ajuda.

          Neste grupo não há referência de crianças com Necessidades Educativas Especiais. Contudo, uma das crianças apresenta sintomas de possuir uma perturbação de desenvolvimento, sob suspeita de ser uma criança com Perturbações do Espetro de Autismo ou Síndrome de Asperger. As educadoras da sala, juntamente com as docentes do Ensino Especial, elaboraram um relatório que já foi enviado para a Direção Regional de Educação Especial e se encontra neste momento à espera de resposta, para então poder haver uma intervenção pedagógica adequada. Importa ainda referir que nesse relatório consta a avaliação de um neuro-pediatra que aconselha o acompanhamento desta criança pelo Ensino Especial. 

 

 

 

 

Referências:

Barros, L. (2003). O Envolvimento da Criança de três anos em grupos heterogéneos: um estudo em contextos pedagógicos

        diferenciados. Retrieved on June 19, 2015, from: https://repositorium.sdum.uminho.pt.
Feldman, R.; Olds, S.; Papalia, E. (2001). O Mundo da Criança. Lisboa: Editora McGRAW-HILL.

Ministério da Educação (1997). Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar. Coleção Educação Pré-Escolar. Lisboa:

        Editorial do Ministério da Educação.

 

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